quarta-feira, 5 de março de 2008

EXPOSIÇÃO REVELA TRADIÇÃO DO HINAMATSURI

O espaço de encanto e graça destinado à figura feminina oriental muitas vezes é o principal fator que as acorrenta à condição de submissão e ao silêncio, transformando-as em figuras pouco falantes e obedientes atrás da qual se esconde a força silenciosa que constitui o eixo moral da família, a força que une, ampara, conforta e consola. É quando as jovens começam a ser preparadas para ocupar seu tímido espaço na sociedade japonesa, nascendo assim o Hinamatsuri.
O Dia das Meninas, como é tradicionalmente conhecido, é a hora que a família oriental reúne-se em torno das filhas caçulas para celebrar e desejar votos de bom casamento, felicidade, saúde e beleza. Por um dia, a menina torna-se o centro das atenções, reunindo-se com suas amigas em torno do Hinadan, uma plataforma em degraus coberta com tecido vermelho, onde estão arrumados miniaturas de bonecas que simbolizam o imperador, a imperatriz, corte e artefatos.
Todos os objetos Todos os objetos que ficam expostos no Hinadan são heranças de família ou colecionados desde o nascimento da menina. Essas peças só ficam expostas na cerimônia, em seguida são guardadas dentro de caixas. No Hinamatsuri também tem o ritual de iguarias, onde são servidas guloseimas brancas e vermelhas feitas à base de arroz, feijão, aveia colorida e pequenos bolos com o formato de diamante conhecidos como Hishi-mochi. Para beber é servido o shiro sake, uma bebida leve e doce, preparada com arroz fermentado.
O Dia da Menina pode ser celebrado tanto dentro de casa como à beira d'água. Essa celebração é toda preparada para afastar os espíritos malignos que podem cercar a pequena. Se o local escolhido for a residência, determina-se entãoum local privilegiado para levantar o Hinadan. Também é preparada para esse dia uma decoração simbólica com pessegueiros em flor, que simbolizam a felicidade no matrimônio, e outras flores que representam o lado feminino.
Para a matriarca da família Shimizu, Sachiko, que vive no Brasil há mais de 50 anos, é muito importante que as famílias japonesas mantenham sua cultura: "Não devemos esquecer as nossas origens e nem os nossos costumes", explica. Sachiko até hoje comemora todos os eventos tradicionais de sua terra natal para que as novas gerações não esqueçam de onde vieram: "Faço questão de, pelo menos, organizar uma homenagem simbólica aos eventos do calendário japonês", conta.
O Dia das Meninas não é diferente. Sachiko é avó de três jovens sanseis, entre elas Brenda Marye, de 11 anos, que já está com a plataforma tradicional montada na sala de casa, para esperar o Hinamatsuri chegar. "Quero que a minha neta nunca se esqueça da cultura japonesa e tenha muita saúde e felicidade neste Hinamatsuri", completa.
A Prefeitura Municipal, através da Fumbel, em parceria com o Consulado Japonês, abre no dia 3 de março a programação que homenageia o centenário da imigração Japonesa ao Brasil no Museu de Artes do Município (MABE), com a exposição que leva o nome da festa dedicada às jovens nipônicas.
Segundo Ida Hamoy, responsável pelo departamento de Museografia do MABE, esse evento estimula a importância de se conhecer culturas diversas: "A partir do momento conhecemos a cultura do outro passamos a ter mais respeito pelas diferenças. Aumenta-se assim a tolerância e se extermina de vez a etnofobia", finaliza.
A exposição ficará aberta à visitação entre os dias 4 e 9 de março, no Museu de Arte de Belém (Palácio Antônio Lemos), de terça à sexta-feira, das 10h às 18h, e aos sábados e domingos, das 9h às 13h.