domingo, 5 de abril de 2009

Pr ‘outro Lado


Nasceu só de mãe e a noite era de luar sutil. Tinha um olhar de meias palavras e uma boca de grandes pontos de vista.
Crescera junto aos meninos de perto de casa e terminara o colegial sem si dedicar muito, de fato, nunca si dedicara muito a nada, e quase sempre chorava de rir de quem sabia pra quem si dedicar.
Um dia o tempo lhe veio visitar e assim muitos anos se passaram, tantos que até perdera a conta.
Mas naquela tarde estava especialmente diferente, tinha um ‘não-sei-explicar-o-que’ no olhar que lhe dava um ar de decisão, lembrava um olhar de sonhador, mas era um pouco mais sóbrio... Oscilava entre ser e querer e vacilava com o tato nos portões da rua até chegar em casa, quando não, carregava um graveto pra cumprir essa difícil tarefa depois que ouvira a história da menina que perdeu um braço por não ter lido a placa “cuidado com o cão”... Tentava um silvo breve, mas seus lábios tinham o peso do beijo, só praticava o ar...
Naquela tarde fez as malas com água nos olhos e partiu pro mundo antes do sol se por... sem dar explicação decidiu ser feliz, como se ali fosse um ambiente onde a felicidade não punha os pés, foi caçá-la como bicho, que se caça... dizem que encontrou lá pras bandas do Baixo Amazonas, e que até aprendeu a assubiar!

segunda-feira, 23 de março de 2009

Vão e vens

Vão e vens
Vens em vão
No vão tu vens vindo ver quem vai
Vão e vens
Vens em vão
Na contra-mão virás pra ver no vão da noite
O dia passar por aqui
Veremos de longe um ao outro se vendo de longe... até sumir
No raio que olho alcançar....
Virá a hora de voltar a ver a vida vazia de vez...
Virá da noite a visão
E do dia o sol que vem cegar o que ainda posso ver
Vão e vens
Vens em vão
Verei a voz vazar no silêncio do vão que teu ouvido esconde
Mas
O meu silêncio
Cegará
Chegará e será de vez, que nem foi dessa vez, é de vez em quando... não sobrará nem o que tu vês
Não caberá
Nem no vão pr’onde tu vens em vão!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Lygia não está


Lá vai ela... Lygia lilás cintilante por entre as casa de ninguém...
Vai com a minha memória entre medos que perdi...
A imagem dela se perpetua no peito de quem a viu sorrir até o fim...
Ela morreu de amor fogo, silêncio, dor... hoje é apenas em memória do quando ela esteve...
Maior de todas as perdas, mãe de toda tristeza sem que se esqueça do que fala ao coração.
Alguém insiste o meu maior mergulho, hoje não há nada de novo no quando...
Que vai ser das minhas viagens até o cinza das paredes da morada dela?
Os arranha-céus triscam seu olhar materno no hoje!
Quero para sempre calar em mim, sem que ela se estanque na minha lembrança, da cidade que sonha seus tumultos, suas fontes, seus credos..
Lembrança nos uniu até aqui, nas festas de aniversário e dias santos! (sempre uma carta... Um Telefonema, um pensar tão profundo que sentia cá dentro)
Nos unirá, a partir daqui, e para sempre e até quando nossas almas tornem a se encontrar no lilás de sua alegria, perene de estar sempre disposta ao outro e nunca a si...
Hoje ela há de se preocupar com ela e desfrutar de suas virtudes a cima do céu... nascer de novo pra ela, e descansar seu corpo, agora leve, na nossa saudade, mesmo depois que esta se dissipe...
Vai aprender a ser pássaro dindinha, vai e nos ensina a viver sem teu canto de pássaro!