Passei a vida pescando segredos que conseguisse enxergar.Vi por entre as minhas dores um silêncio que me cavucava o peito. Me refiz nele... e acinzentei meus sorrisos.Fui crescendo por entre meus passos embriagados, quase sem chorar descobri a tristeza e tentei naturalidade.Por sua porta, dedilhei num passado meu agora, e cometi desvarios sem perceber que a noite inda não era plena, eu tinha marcas.De mãos vazias e corpo violentado, não conseguia mais ter crença, eram de sangue minhas lamurias e as manchas sobre minha camisa, eram de sangue e pó.Feito menino que descobre o doce, vi minha mãe sobre a delícia do sono, ela trazia botões de flor, não eram rosas, apesar de vermelhas, eram meus segredos que ela detinha, como se fora dela também.Eu, pasmo, continha meu choro, não queria parecer frágil, não queria ser frágil, não queria ser eu. Mas eu era, então me detive em colher meus silenciados, indizíveis, só meus, agora também dela, colhia meus botões de segredo em silêncio.Ela me sorria com o ar de quem me pôs na vida, eu a olhava com o ar de quem prefere a morte, preferi o coma do orvalho. Água sem vida que de tão pura nem mata sede. Antes essa do que a lágrima.Meus irmãos também viveram essa marca, dividi com eles o peso de não carregar nenhum, recriamos nossos acertos apartir dos erros comuns, sofremos a orfandade de pais em vida.Depois o agora virou mais tarde, e o dia seguinte já não pesava, cortamos nossos cordões com nossos criadores e descobrimos que a vida vem cercada de ausências, e que qualquer presença já não vale mais do que a vontade de estar livre.
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
quarta-feira, 22 de agosto de 2007
A estética do Olhar
Agora os olhos olham o destino e o silêncio. Olham o escuro e o depois do escuro.
Os olhos lêem e vendem luzes, e aprendem o verbo, e descansam na noite, e criam fantasmas, e se desfazem no olhar.
Eles cantam, abrem a alma e deixam a brisa do tempo entrar, olhos são janelas sempre abertas.
Fabricam sonhos, desvendam pecados. Se refugiam na pálpebra, mergulham em outros olhos.
Alguns, cegos, enchergam com as pontas dos dedos, analfabetos "lêem a mão de Paulo Freire" e voltam às premissas da fome.
Os olhos brasileiros, são vivos. São muitos. Pra lá de Um Milhão... Mas enchergam, mas são mudos, são muitos. Sãos ou não.
Assustados, tristes, obsenos, obtúsos, óbvios, olhos dizem quase tudo.
Com água, os olhos choram!
O caos, a beleza, o absurdo, tudo no mundo está nos olhos de quem vê, mesmo que fechados, os olhos sentem. Mais que um cisco, sentem a vida e o depois da vida.
Não envelhecem, logo secam, os olhos secam!
O que é que seus olhos tem visto? Olhos também guardam segredos!
Assinar:
Postagens (Atom)