domingo, 19 de outubro de 2008

TEU GELAR...


- E eras assim, por que não ti lembraste das nossas memórias infindas na noite?
Que fizestes tu das nossas mãos dadas? Ora, por onde?
Tua palavra limpa aquecida de fé nas coisas da vida, mas por que não deste o pesar de nossas lágrimas, mas ora, enfim, por que não suscitas nossas fraquezas num diário íntimo de pesadelos estrelares. O que fizeste tu das nossas guias? Ti perdera quem sabe, na exatidão dos meus passos, passaste. Passaste de pressa e em branco sobre minhas comemorações mensais não ti fizeste presente.
Mas vejamos, por que não eras nascida no tempo dos nossos sonhos pessoais?
Não ti julgava, eu dizia, não me julgara tu pensavas. O que tivera provocado? No entanto esse tempo não pesava mais. Um crime? Um novo sopro de vida nas ventas do vento? Eu a lua, tu a maresia, sobrava de paisagem e minha crença era a de cantar para as estrelas as nossas dores mais brandas. Que era pra não anoitecer. O céu talvez? Ora não pode ser!
Viera da zona segura dos meus abraços. Por que não deste a ti a vontade infinda de mim, minha caneta escrevia, contudo teu pensamento que vagava. Minhas mãos analfabetas do teu corpo, lhe despiu, me fez cegar, por que não deste a ti a vontade plena de mim? Pensava, escrevia, chorava, sobrava em mim a certeza da desesperança e mastigava as dúvidas de conflitos teus, éramos mais que dois. Por que não deste a ti a vontade de mim?

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Pouso-vôo



Brilha o Desejo
Na luz do segredo
E me transforma as vestes.

Não reconheço o meu entardecer
Embora publique suas cores

Perco-me no rumo do sono
E cavalgo em planos que não nascerão.
Estou despido!

Estou despido, mas descubro que
As horas não descansam nos numerais.

Inúmeras vezes mastiguei a certeza
E tive dúvida do sabor que tem.

Estou refém de um sorriso,
posto que meu abrigo também ainda
me sorri.

Quero fabricar a chuva
Perceber a curva, o não estaguinar.
Sentir o frio da saliva, desvendar a medida,
Quero me encontrar.

Mas aqueles cabelos
me põem em brasa,
Incendeiam-me as asas
E me fazem querer pousar.

Querer não querer mais nada,
Que não sejam os lábios.

Eles envelhecem minhas certezas,
De fato,
Naqueles lábios minhas certezas
Escorrem no tempo.

Agora meus olhos me desconhecem...

domingo, 18 de maio de 2008

E NADA VEM



UMA MULHER AO LONGE
PARECE CEGA DE SEDE
PARECE SECA DE TANTA PRECE
QUE NÃO VEM.
SE PODE VER O CHORO DA MULHER:
LHE UMIDECE A FACE E LHE FAZ PARAR,
CAIR SENTADA
A ESPERA DO TEMPO COM OS PÉS
DESCALÇOS
E O TEMPO NÃO VEM.
ESSA MULHER QUE TEM A FORÇA
QUE A RAIVA ALIMENTA
ESSA SEDE QUE SÓ AUMENTA
E LHE FAZ CAIR NO CHÃO.
QUASE NÃO TEM MULHER NESSA
MULHER
AGORA É QUASE SÓ A RAIVA,
MAS A SEDE É TAMANHA QUE
NEM MAIS A RAIVA VEM.

vigília


O que se pode construir,
Há de se recriar a fala e não olhar pra dor que nasce,
Fazer morrer o que há de gente na gente, não saber...
Um rumo que se constrói por entre as gretas da vontade,
Escravizar o homem ao desejo de nem saber o que há de
Perfume em todas as flores do mundo... Adulterar a própria criação
Pra fazer sorrir o que existe de humano no silêncio. Calar.
Negar a fome até que se dissipe. O choro até que finde.
Fundir até o que não é bruto na dureza das horas de sono.

quarta-feira, 5 de março de 2008

EXPOSIÇÃO REVELA TRADIÇÃO DO HINAMATSURI

O espaço de encanto e graça destinado à figura feminina oriental muitas vezes é o principal fator que as acorrenta à condição de submissão e ao silêncio, transformando-as em figuras pouco falantes e obedientes atrás da qual se esconde a força silenciosa que constitui o eixo moral da família, a força que une, ampara, conforta e consola. É quando as jovens começam a ser preparadas para ocupar seu tímido espaço na sociedade japonesa, nascendo assim o Hinamatsuri.
O Dia das Meninas, como é tradicionalmente conhecido, é a hora que a família oriental reúne-se em torno das filhas caçulas para celebrar e desejar votos de bom casamento, felicidade, saúde e beleza. Por um dia, a menina torna-se o centro das atenções, reunindo-se com suas amigas em torno do Hinadan, uma plataforma em degraus coberta com tecido vermelho, onde estão arrumados miniaturas de bonecas que simbolizam o imperador, a imperatriz, corte e artefatos.
Todos os objetos Todos os objetos que ficam expostos no Hinadan são heranças de família ou colecionados desde o nascimento da menina. Essas peças só ficam expostas na cerimônia, em seguida são guardadas dentro de caixas. No Hinamatsuri também tem o ritual de iguarias, onde são servidas guloseimas brancas e vermelhas feitas à base de arroz, feijão, aveia colorida e pequenos bolos com o formato de diamante conhecidos como Hishi-mochi. Para beber é servido o shiro sake, uma bebida leve e doce, preparada com arroz fermentado.
O Dia da Menina pode ser celebrado tanto dentro de casa como à beira d'água. Essa celebração é toda preparada para afastar os espíritos malignos que podem cercar a pequena. Se o local escolhido for a residência, determina-se entãoum local privilegiado para levantar o Hinadan. Também é preparada para esse dia uma decoração simbólica com pessegueiros em flor, que simbolizam a felicidade no matrimônio, e outras flores que representam o lado feminino.
Para a matriarca da família Shimizu, Sachiko, que vive no Brasil há mais de 50 anos, é muito importante que as famílias japonesas mantenham sua cultura: "Não devemos esquecer as nossas origens e nem os nossos costumes", explica. Sachiko até hoje comemora todos os eventos tradicionais de sua terra natal para que as novas gerações não esqueçam de onde vieram: "Faço questão de, pelo menos, organizar uma homenagem simbólica aos eventos do calendário japonês", conta.
O Dia das Meninas não é diferente. Sachiko é avó de três jovens sanseis, entre elas Brenda Marye, de 11 anos, que já está com a plataforma tradicional montada na sala de casa, para esperar o Hinamatsuri chegar. "Quero que a minha neta nunca se esqueça da cultura japonesa e tenha muita saúde e felicidade neste Hinamatsuri", completa.
A Prefeitura Municipal, através da Fumbel, em parceria com o Consulado Japonês, abre no dia 3 de março a programação que homenageia o centenário da imigração Japonesa ao Brasil no Museu de Artes do Município (MABE), com a exposição que leva o nome da festa dedicada às jovens nipônicas.
Segundo Ida Hamoy, responsável pelo departamento de Museografia do MABE, esse evento estimula a importância de se conhecer culturas diversas: "A partir do momento conhecemos a cultura do outro passamos a ter mais respeito pelas diferenças. Aumenta-se assim a tolerância e se extermina de vez a etnofobia", finaliza.
A exposição ficará aberta à visitação entre os dias 4 e 9 de março, no Museu de Arte de Belém (Palácio Antônio Lemos), de terça à sexta-feira, das 10h às 18h, e aos sábados e domingos, das 9h às 13h.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Clara Evidência


Já não conforto meus olhos nos teus,
num segredo que me dilacera
a alma
o mar se manteve ali
Líquido e intenso.
Foi quando vieste.
A pele pura e branca encantou
Meu ser, não menos
desesperadamente,
Apaixonado.
A boca vermelha que,
em toda sua vermelhidão,
acalmava minhas mãos,
que já não sabia onde colocar,
e acabei por não colocar
em lugar nenhum,
e os olhos, ah! Os Olhos...
Me perdi completamente
ao encanto do par de gêmeos
que me fazia
Renascer num suspiro calmo e
errante.
Há de se levar em consideração os cabelos:
Negros como que para contrapor a pele e
Lisos numa combinação perfeita
do virgem olhar.
a deusa que me tirou o sono
e os sonhos ocupou com a
beleza
mora em ti
E no meu peito reside a dor do
incerto.
Não me mata os sonhos, suplica
meu coração,
Nem me engana a alma.
Apenas te compartilho o meu
delírio:
Tua beleza no meu desejo
Tua doçura na minha loucura
Tua sabedoria na minha poesia.
A dor é de descobrir que
te amo como minha própria vida,
e já não sei se vou viver ou morrer
quando descobrires:
Minha dor que não se dissipa.